Morte e Nascimento de Lisboa

Assunto: Morte e Nascimento de Lisboa Seg Nov 02, 2009 5:37 pm

Citação :: Morte e nascimento de Lisboa, há 254 anos
O terramoto de 1755 transformou a capital portuguesa em escombros, mas deles renasceu uma cidade mais limpa e moderna

Passaram 254 anos sobre o grande terramoto que arrasou Lisboa.

A 1 de Novembro de 1755, celebração de Todos-os-Santos, com as igrejas cheias de devotos nas cerimónias litúrgicas do dia santificado. Por volta das 9 e meia da manhã a terra tremeu forte, muito forte e continuou a tremer durante muito tempo, talvez mais de dez minutos, segundo testemunhos que ficaram da época. Muitas réplicas se seguiram, acabando por derrubar os edifícios que já tinham ficado abalados.

Como em todos os terramotos com epicentro no mar, seguiu-se um maremoto que limpou literalmente toda a zona ribeirinha e afogou milhares de pessoas que, junto ao Tejo, tinham procurado um refúgio que julgavam seguro. Seguiu-se um enorme incêndio ateado pelas lareiras e fogões (que a essa hora da manhã já estavam acesos) e pelas milhentas velas das igrejas, e alimentado pelo montão de madeira dos destroços. Segundo cronistas do tempo, foi esse incêndio, que lavrou durante uma semana, o causador dos maiores males.

Lisboa era então a quarta maior cidade da Europa, com mais de 250 mil habitantes e 50 mil casas. Não há dados concretos, apontando-se o número de mortes entre os 10 e os 90 mil. Cálculos rigorosos baseados na muita documentação que ficou da época aponta para um intervalo entre os 25 mil e os 30 mil mortos. Ou seja, terá morrido um em cada dez habitantes.

O sismo, que se calcula tenha atingido os 9 pontos na escala de Richter (máximo de 10, mede a quantidade de energia libertada) e 11 na escala de Mercalli (máximo de 12, mede os efeitos destrutivos em estruturas e construções) foi um dos mais violentos de que há memória.

Os estragos do sismo não foram só sentidos em Lisboa. O Algarve sofreu imenso. Em menor escala Porto, Coimbra e Braga. A região menos afectada terá sido Trás-os-Montes. As ondas de choque e, sobretudo, o tsunami provocaram danos em Espanha, França, Itália, Finlândia e no Norte de África, onde morreram mais de 10 mil pessoas. O fenómeno foi também sentido na América do Norte e do Sul, com o aumento do nível das águas dez horas depois do sismo.

A esmagadora maioria dos habitantes da capital portuguesa passaram os anos seguintes a viver em barracas de pano, não só porque a reconstrução foi demorada, como pelo medo de novo terramoto. Assim aconteceu com a família real, que até à morte de D. José, em 1777, nunca mais dormiu sob telha.

Muito se tem dito sobre a pronta acção do ministro de Estado Sebastião José de Carvalho e Melo, então ainda apenas fidalgo sem título (só seria conde de Oeiras em 1759 e marquês de Pombal em 1769), na reconstrução de Lisboa. Rodeou-se dos melhores arquitectos e engenheiros militares (Carlos Mardel, Eugénio dos Santos e outros), mas a sua prioridade foi o saneamento da cidade.

A frase "enterrar os mortos e cuidar dos vivos" ficou na história. Rapidamente se cuidou também da limpeza dos escombros, da regularização de terrenos com entulho, preparando tudo para a nova cidade que demoraria quase dez anos a construir.

O terramoto de 1755 arrasou Lisboa, a velha urbe medieval, de ruelas estreitas, becos esconsos e casebres miseráveis onde os mais pobres se amontoavam. Muitas riquezas se perderam, os custos foram enormes em vidas e em bens materiais, é verdade, mas a capital portuguesa ganhou uma feição mais moderna, mais saudável e muito mais funcional.

» Cerveja ou a Morte...o nosso presidente!!!!